
Publicada em 06/06/2025 às 15h53
Israel fez uma série de ataques aéreos nesta quinta-feira (5) contra alvos no sul de Beirute, a capital do Líbano, forçando milhares de pessoas a fugir de suas casas na véspera do Eid al-Adha, uma tradicional celebração muçulmana. Autoridades libanesas afirmaram que os bombardeios foram uma violação clara do cessar-fogo em vigor desde novembro, mediado pelos Estados Unidos, que havia encerrado um ano de conflito entre Tel Aviv e o grupo extremista Hezbollah, apoiado pelo Irã.
Ao menos dez explosões foram registradas na região de Dahiyeh, reduto do Hezbollah no sul da capital libanesa. Trata-se da quarta vez que a região é bombardeada desde o início da trégua, que exige a retirada de todo o armamento e pessoal militar do Hezbollah do sul do Líbano, além do desarmamento de todos os grupos armados não estatais no país.
O Exército israelense diz ter atingido infraestruturas subterrâneas usadas para produção de drones que teriam sido instaladas, de forma deliberada, em áreas residenciais. Segundo os militares, milhares de drones estariam sendo fabricados nesses locais sob financiamento e orientação do Irã. O Hezbollah não comentou os ataques, mas em ocasiões anteriores negou manter infraestrutura militar em áreas civis.
Uma autoridade do Líbano disse à agência Reuters que o Exército do país recebeu, ainda na quinta, uma notificação sobre possível armazenamento de material militar em um dos locais bombardeados. Após visita ao ponto indicado, os militares afirmaram não ter encontrado nenhum equipamento do tipo. Mesmo assim, os israelenses mantiveram os alertas de ataque. Quando soldados libaneses tentaram retornar ao local para fazer outra busca e evitar os bombardeios, eles teriam sido barrados por disparos de advertência israelenses.
Além de Beirute, a vila de Ain Qana, no sul do Líbano, também foi atingida por bombardeios israelenses, segundo a mídia estatal libanesa. Em publicação na rede X, o Escritório do Coordenador Especial da ONU para o Líbano afirmou que os ataques causaram "pânico e medo renovados" na véspera do Eid al-Adha, que é um feriado muçulmano.
O presidente libanês, Joseph Aoun, e o primeiro-ministro Nawaf Salam condenaram os bombardeios e os classificaram como uma "violação flagrante" de acordos internacionais. Hezbollah e Israel se acusam mutuamente de descumprir os termos da trégua, que tem se mostrado frágil nos últimos meses.
Durante o cessar-fogo, Israel continua fazendo ataques no sul do Líbano e mantém a ocupação de cinco posições estratégicas em colinas na região. Beirute já foi bombardeada três vezes nesse período em ações que Israel diz serem respostas a disparos de foguetes. O Hezbollah negou envolvimento nesses ataques.
O conflito atual entre Israel e Hezbollah começou em outubro de 2023, quando o grupo libanês disparou foguetes contra posições israelenses em apoio ao Hamas, seu aliado palestino. Israel reagiu no ano seguinte com uma ofensiva de bombardeios que matou milhares de combatentes, destruiu grande parte do arsenal do grupo e eliminou sua antiga liderança, incluindo o então secretário-geral Hassan Nasrallah.
